domingo, 6 de janeiro de 2008

A Poesia de Florbela Espanca

Sempre disse que não gostava de poesia, aliás, não compreendia que mensagem pretendiam transmitir. Mas a minha opinião tem vindo a mudar.

Primeiro, descobri Cesário Verde, de seguida perdi-me de amores por Florbela Espanca, agora navego pela escrita de O'Neill e até já dediquei algum do meu tempo a Mário de Sá-Carneiro. Mas continuo a ser surpreendida por Florbela, aqui fica algo dela que adoro, num determinado momento da minha vida foi até protagonista de uma cerimónia ... durante semanas, meses, não tive coragem de o reler, mas hoje dei uma espreitadela e o receio passou. Que fantástica manifestação de sentimentos.

A nossa casa

A nossa casa, Amor, a nossa casa!
Onte está ela, Amor, que não a vejo?
Na minha doida fantasia em brasa
Constrói-a, num instante, o meu desejo!
Onde está ela, Amor, a nossa casa,
O bem que neste mundo mais invejo?
O brando ninho aonde o nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa?
Sonho... que eu e tu, dois pobrezinhos,
Andamos de mãos dadas, nos caminhos
Duma terra de rosas, num jadim,
Num país de ilusão que nunca vi...
E que eu moro - tão bom! - dentro de ti
E tu, ó meu Amor, dentro de mim...
Florbela Espanca

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